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quarta-feira, 3 de julho de 2013

Sob o olhar de Henrique Magalhães

Gostaria de compartilhar um desabafo com vocês ... Pois acredito que muitas mudanças de dentro de mim, partiu daqui .

Estou sentindo um novo Henrique dentro de mim.
Um Henrique mais responsável, mais determinado, mais bondoso, menos marrento, mais calmo e observador.
Vejo que observar é fundamental para absorver.
E necessário se livrar de algumas influencias, tomar cuidado com influencias, elas podem te levar para um abismo que é foda de sair.
Hoje eu não tenho gula.
Tenho ambição em aprender e compartilhar !
Eu sempre tive muito ódio dentro de mim ... Pelo mesmos motivos que você sente ódio. O planeta ta uma merda e não conseguia conviver.
Alguma coisa transformou esse ódio em amor, muito amor.
"AMAR SOBRE TODAS AS COISAS!"
minha MÃE me mostrou isso.
Não é religiosidade, é princípio!
Respeitar, admirar, ter afeto, reconhecer quem está perto, ser verdadeiro, ser uma pessoa íntegra!
Ter DIGNIDADE!!!
Amor não é só uma palavra!
Sejamos AMOR!
Acho que to crescendo ... Mesmo atrasado... já foi um pequeno grande passo !

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Sob o olhar de Yan Gabriel Venturin


19:01: Terça eu havia saído triste e desmotivado do Solar do Jambeiro... O que já vinha percebendo há algumas semanas era, agora, um fato: minhas faltas (por causa da viagem e, depois, do pé) haviam sido mais danosas do que eu havia previsto para o meu desenvolvimento em conjunto com o Grupo. E, acreditava eu, haviam sido fatais. Estava completamente perdido, não entendia nada do que a Martha e meus colegas falavam sobre a peça e estava prestes a desistir...

Hoje sai do bandejão com isso em mente e, no caminho para o Solar de Pirandello, decidi que me dedicaria ao máximo para tentar entender o que a Martha estava propondo e, mais do que entender (o que as vezes conseguia por momentos), sentir... como os outros pareciam e demonstravam sentir... mas para mim era estranho e “pós-moderno demais”. A vertigem ainda era muito forte e nem sempre percebida, o que reforçava meus preconceitos comigo mesmo, e me dava poucas esperanças.

Cheguei 20 minutos atrasado e quando cheguei o exercício já havia começado... Olhei para o grupo e vi uma linda cena de amor entre o Pai e a Enteada, ali encarnados pelas vibrações de Amanda e Augusto. Me embasbaquei... Tinha, ainda, um aglomerado para mim indefinido de pessoas, porém muito reluzente e sedutor... Logo que percebi a beleza e a vivacidade da cena me lembrei dos outros ensaios e imaginei logo que mais uma vez tudo se repetiria: a beleza, a profundidade, a empolgação, a explosão de sentimentos que eu não sabia conduzir, conviver, entender e, principalmente, sentir.

Improviso em cima das Seis Personagens da peça 
"Seis Personagens à Procura de um Autor", Luigi Pirandello.

Apesar do meu típico pessimismo comecei a tentar manter minha concentração já nas palavras da Martha e, ao mesmo tempo, sempre observando aquele filho mais velho, que quase nada falava, menos ainda se movia, mas transparecia raiva e ciúme, amor e ódio, nojo e inveja... e mais centenas de sentimentos sombrios e sedutores que explodia em seu peito. Me concentrei nele quando vesti o casaco e me sentei na cadeira de fronte para aquele papel de parede rosa e antigo, abaixo do histórico lustre... Vi o abismo na cadeira, mesmo que sentado, o percebi... o conheci... e o entendi... Percebi o filho dentro de mim e conversei com ele, e, então, me joguei.

Havia me achado no meio daqueles muitos seis, doze, dezoito, mil personagens... Me encontrava no meio deles... no meio daqueles muitos corpos de Pais, Mães, Enteadas e outros Filhos... e observava a tudo com os olhos do filho, do meu Filho... e então entendi e conheci de verdade o projeto Pirandello Contemporaneo, ou seu método, sei lá... Naquele momento, interagindo com o Jessé Pai e o Jessé Enteada, sendo Pai e Filho, fui Pirandello.


Yan Gabriel Venturin
(transcrito de seu diário pessoal)

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Sob o olhar de Augusto Fontes Júnior

Na última semana do projeto, 23 e 25 de abril, as aulas do Pirandello Contemporâneo foram ministradas pelos professores Johayne Hildefonso e Renata Alves que propuseram diversos exercícios: alongamentos, trabalhos de contato físico e visual, partituras utilizando máscaras, improviso, etc. 

A partir da experiência do grupo sobre os exercícios realizados o amigo e ator do projeto, Augusto Fontes Júnior, deu seu olhar sobre essas duas aulas, produzindo um vídeo de recortes destes momentos com cenas de concentração, discussão, descontração, além de apresentar um pouco da beleza e energia do espaço em que todas as semanas é tomado como palco para os encontros do projeto, o Solar do Jambeiro.  



Com pouco mais de um mês de projeto, é perceptível a vontade e participação de todos os envolvidos no estudo, assim como a nossa evolução. Este vídeo representa o estreitamento das nossas relações, e revela ainda o quanto desejamos criar a partir do Projeto de Extensão, apresentando um pouco do que podem esperar.

E ainda vem muito por aí! Aguardem!

sábado, 27 de abril de 2013

Sob o olhar de Amanda Calabria

De alma pra alma: entre janelas e portais


Todas as terças e quintas, quando chego no Solar eu tenho um encontro comigo mesma. São os meus dias na semana, que são meus, pra mim, para eu fazer o que mais gosto que é trocar sinestesicamente com as pessoas e as coisas, com seus cheiros sons e texturas, que parecem até de um outro universo que não do meu dia-a-dia conturbado citadino. A arte está no encontro com as paredes, com as janelas arejadas, com o teto abobadado e suntuoso, com o piso metrificado e com os olhos sorridentes e afetuosos que me tragam, me levando para esse universo encantador e encontrador que é a arte. O dia-a-dia conturbado se esvai, silenciando minhas questões e imprimindo à minha cabeça um raciocínio sagaz e audacioso para as pessoas, para os olhos, para respiração e a alma. Matéria e alma. A alma. Acho que foi isso com que eu me deparei nessa última quinta-feira.

Tudo começou com um alongamento doloroso despertando o corpo. Por motivo de saúde, o Professor Mendonça não pode estar conosco e a Renata foi a “Nossa”. Passamos para um alongamento em dupla, que se aparentemente não havia nada demais, para mim foi uma grande troca. Tocar, massagear, alongar, entender o corpo da colega. Olhar a Nathália nos olhos, sentir sua respiração. Fazer todas as coisas que fomos desaprendidos a fazer ao longo da vida. A partir daí, nos movimentamos com o par no jogo do peso e contrapeso. Sentindo o peso do braço, do tronco, das pernas, se envolvendo num movimento aonde dois corpos são um só.

Trabalhamos também em algumas brincadeiras, como rolar sobre os corpos dos colegas e manejar o corpo do amigo com os olhos fechados, em roda, semelhante ao “João-bobo”. Se aparentemente parecia não se passar de uma brincadeira, quem experienciava se debruçava sobre uma relação estreita de confiança, de doação, de cuidado, de percepção do outro. É como se ver no espelho em outra matéria e entender os movimentos corporais. Já havia feito esse exercício um zilhão de vezes, é corriqueiro nas aulas de teatro porque tem essa função importante mesmo de trabalhar a relação com o outro. Mas achei muito boa a forma como a aula foi conduzida, como cada exercício foi importante para a realização do próximo, que viria ainda mais íntimo.

O ápice da aula, para mim, esteve nos dois exercícios que vieram depois. Intensos, invasores, íntimos e coletivos. O primeiro, que começou com uma despretenciosa caminhada pelo espaço com troca de olhares, desencadeou num jogo de afetos interessantíssimo em duplas. Após uma breve e deliciosa troca, com o Jefferson, me ative aos olhos curiosíssimos do Jessé. Que experiência! Doação: um jogo gostoso de se realizar, invasor, investigativo que me afetou de diferentes modos. Os movimentos eram inesgotáveis e as sensações múltiplas; os olhos se adentraram um no outro. Sinto que poderia ter namorado com os olhos do colega por tempo indeterminado que os movimentos fluiriam.

Foto de Augusto Fontes Júnior:
Alex Kossak e Marilia Petrechen, atores e amigos do projeto.

O último exercício foi ainda mais íntimo. Em roda, cada um passaria pelos colegas olhando-os nos olhos. Eu não sinto mais incômodo em fazê-lo, sinto até carência quando não o faço. Uma das coisas mais bonitas com que o teatro me presenteou foi me mostrar que eu poderia olhar nos olhos das pessoas. E o melhor: que poderia descobrir coisas sobre ela e sobre mim. Como eu gosto dessa brincadeira! Eu vou fundo. Gosto de pensar que as pessoas podem descobrir coisas sobre mim sem que eu precise dizê-las. Então eu me dôo mesmo, me deixo exposta. Naquele instante amei a todos. E, por segundos, morei em cada um dos pares de olhos. Claro, escuro, grande, pequeno, arguto, cego, doce, profundo. Cada olhar era diferente, cada olhar trazia uma história. E assim como a Camila eu também senti saudade dos olhares. A brincadeira perpassava a matéria. A gente se via, e via no outro a alma. Afeto é a palavra para descrever coisas que passaram pelo meu corpo. Fui afetada por sentimentos como carinho, curiosidade, desejo, tesão, compreensão... Marília disse que todos ficaram lindos. E foi mesmo. As almas são mesmo lindas. Belas e transparentes. Os olhares têm chegadas e despedidas. Encontros e desencontros. Os olhos: portais. Janelas da alma.

Amanda Calabria